Gosto de Maio, e essa é uma daquelas verdades que sempre foram verdadeiras mas que apenas tardiamente são postuladas como verdades. Clareando, descobri que gosto de Maio. Permito-nos (a mim e a Maio) a metalinguagem e a repetição: gosto de Maio.
Maio não é começo de ano e sua insegurança e desorganização e hesitação; é sedimentação, final de névoa, oito horas. Maio é quase meio, o que assusta pela ligeireza com que, sempre e sempre, o tempo passa, mas o “quase” (tão terrível muitas vezes) tranquiliza; Maio não é meio, nem metade final.
Maio não tem paridade, mês impar. 05.
Faltam dois dias para o final – providencial e abençoadamente, Maio é mês de 31 dias.
Em Maio é outono e iniciam-se as chuvas em Salvador. Nuvens condensadas de vapores estranhos cobrem delicadamente a cidade. A chuva cai, intermitente, incessante, forte, fraca; fria. O chão torna-se naturalmente úmido; há poças na rua, lama nas calçadas e partículas de água em suspensão no ar. Casacos e guarda-chuvas. Deslizamentos e desabrigados, e o peso por gostar de chuva e gostar de Maio.
Em Maio, (único que percebo? possível...) há uma movimentação, uma energia nos que vivem. E esses, os que vivem, vivem; vivemos em Maio. Não é “sobre”, é “viver”. Maio é esta garantia, esta certeza.
Gosto de Maio pela identificação (ou necessidade de identificar-me). Sentimento de recíproca compreensão, reflexos revertidos. Maio, indecente e gentil, me expõem (a mim? a quem?) tal como penso que sou, ou melhor, tal como sinto que sou.
Maio não é começo de ano e sua insegurança e desorganização e hesitação; é sedimentação, final de névoa, oito horas. Maio é quase meio, o que assusta pela ligeireza com que, sempre e sempre, o tempo passa, mas o “quase” (tão terrível muitas vezes) tranquiliza; Maio não é meio, nem metade final.
Maio não tem paridade, mês impar. 05.
Faltam dois dias para o final – providencial e abençoadamente, Maio é mês de 31 dias.
Em Maio é outono e iniciam-se as chuvas em Salvador. Nuvens condensadas de vapores estranhos cobrem delicadamente a cidade. A chuva cai, intermitente, incessante, forte, fraca; fria. O chão torna-se naturalmente úmido; há poças na rua, lama nas calçadas e partículas de água em suspensão no ar. Casacos e guarda-chuvas. Deslizamentos e desabrigados, e o peso por gostar de chuva e gostar de Maio.
Em Maio, (único que percebo? possível...) há uma movimentação, uma energia nos que vivem. E esses, os que vivem, vivem; vivemos em Maio. Não é “sobre”, é “viver”. Maio é esta garantia, esta certeza.
Gosto de Maio pela identificação (ou necessidade de identificar-me). Sentimento de recíproca compreensão, reflexos revertidos. Maio, indecente e gentil, me expõem (a mim? a quem?) tal como penso que sou, ou melhor, tal como sinto que sou.